Diretor do Sebrae-SP fala sobre oportunidades de negócios que podem ser geradas com o Mundial
Com investimento de R$ 80 milhões, o Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) pretende mapear nove setores da economia que serão impactados pela Copa de 2014 e capacitar trabalhadores de oito mil empresas.
Mas as indefinições e atrasos nas obras do Mundial já começam a prejudicar o planejamento, conforme constata o diretor-superintendente do Sebrae-SP, Bruno Caetano.
Para ele, um dos principais gargalos é o aeroporto de Guarulhos, que pode prejudicar o turismo. “O impacto [da Copa] em São Paulo será o de três GPs de Fórmula 1 e duas Paradas do Orgulho Gay simultaneamente”, diz. Confira trechos da entrevista.
Quais os principais projetos do Sebrae?
A Copa é um evento que vai movimentar a economia e vai beneficiar as micro e pequenas empresas. O Sebrae contratou a Fundação Getúlio Vargas para mapear os nove grande setores que serão impactados. Desse, quatro já estão mapeados: construção civil, tecnologia da informação, turismo e produção associada ao turismo. Só neles, há quase 500 oportunidades de negócios. Os próximos cinco setores que serão detalhados são agronegócio, madeira e móveis, têxtil e confecção, comércio varejista e serviços.
Qual o próximo passo?
Um trabalho direto com as empresas desses setores. Está prevista a capacitação de quase oito mil empresas. O foco inicial são os empreendimentos que têm mais de dois anos de funcionamento. Na sequência vamos monitorar cada setor e checar os resultados.
Quanto a Copa pode agregar aos negócios?
Ao todo, o Sebrae vai investir R$ 80 milhões em pesquisa, capacitação, seminário e produtos oferecidos. Em São Paulo, 15 circuitos de turismo terão oportunidades para 2014 e serão pontos de visitação. O impacto na cidade será como se realizássemos no mesmo mês três GPs de Fórmula 1 e duas Paradas do Orgulho Gay. Além disso, a cidade vai organizar as Fan Fests.
Como avalia a preparação para o Mundial?
O pior jeito de entender a Copa é considerá-la um evento de apenas 30 dias. É um desperdício de oportunidades. A Copa não é isso, e o empresário desatento já está saindo atrás. As pessoas imaginam que a principal cadeia impactada é o turismo, mas de longe o setor mais aquecido é o da construção civil. E ele é puxado pelo poder público, que tem feito (ou deveria estar fazendo) os investimentos pro evento.
Os atrasos atrapalham os planos do Sebrae?
Ainda não, mas o sinal amarelo está aceso. Não só para o Sebrae, para São Paulo também. Acompanhamos com apreensão as declarações do presidente da Fifa, às vezes contraditórias. A gente sabe que há um processo eleitoral em andamento.
E os aeroportos?
Essa questão já começa a atrapalhar o planejamento para a Copa. Principalmente a ampliação do aeroporto de Guarulhos. O empresário fica sem saber se vai ser uma oportunidade de negócio ou um mico. Esse é um gargalo que já atrapalha o turismo no estado. É difícil estruturar uma cadeia como a de turismo sem essas facilidades mínimas.
Há estimativa do número de turistas na Copa?
Um estudo do Sebrae aponta que serão 500 mil em junho e julho de 2014. Isso é mais ou menos 9% do que o Brasil recebe no ano. Seria um incremento de 10% só com a Copa.
O setor hoteleiro de São Paulo está preparado?
Há quantidade e qualidade. Mas São Paulo não vai parar em junho e julho de 2014. Haverá uma série de eventos que nada tem a ver com a Copa, que acabam consumindo nossa capacidade hoteleira.
[materia publicada por Diego Salgado - São Paulo]
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